quarta-feira, 16 de outubro de 2013

CENTRO DE RECUPERAÇÃO ESPECIALIZADO PARA MULHERES

Atendendo ao apelo de diversas pessoas e segmentos de nossa sociedade e sentindo premente necessidade, a vereadora Eliane Sinhasique apresentou hoje (16/10), na Câmara Municipal uma indicação para a construção de um Centro de Recuperação Especializado para Mulheres Dependentes Químicas. Nossa cidade não possui ainda uma instituição deste tipo, embora seja grande o número de pessoas do sexo feminino com este tipo de problema. 
"Na qualidade de representante do povo de Rio Branco, sempre somos procurada por familiares de mulheres com dependência química, onde nos relatam as dificuldades encontradas para o tratamento adequado, uma vez que os centros existentes estão focados na recuperação dos usuários do sexo masculino ou são mistos". Diz Sinhasique


As mulheres são mais estigmatizadas e existem muitos preconceitos contra elas, principalmente as que usam álcool. As mulheres álcoolatras tem muito mais problema sociais que uma mulher que não bebe. Normalmente são classificadas como promíscuas, amorais e incapazes de cuidar da família e dos seus filhos e por isso muitas tem medo de se assumirem dependentes e sofrerem a desaprovação social. "O desconforto das mulheres, a vergonha de ser taxada com vulgaridade, faz com que muitas escondam sua doença da sociedade, o que causa angústia e desespero nos familiares mais próximos". Falou a vereadora.

Além do álcool, um número considerável de mulheres também está fazendo o uso de “outras drogas” no município de Rio Branco. O que se sabe é que quando a mulher começa a usar álcool/drogas ela está passando por momentos de estresse, independente da idade, a separação conjugal, morte do companheiro, desajustes familiares, problemas com os filhos, etc.

No caso da cocaína, as mulheres se referem à depressão, sentimentos de isolamento social, pressões profissionais e familiares e problemas de saúde.

"A construção do Centro terá a finalidade de propiciar o devido atendimento, recuperação e cuidados exigidos com tal singularidade e especial condição, minimizando os efeitos danosos das drogas, e buscando alinhar, com as políticas já adotadas, ou em curso, com outras esferas de governo, de modo a satisfazer interesse legitimado pela Carta Constitucional, quando preconiza, dentre seus fundamentos, “construir uma sociedade livre, justa, e solidária". Argumentou Sinhasique.

Os centros existentes na nossa cidade, excluem as mulheres ou, no máximo, trabalham em grupos mistos e há predominância de homens. As preocupações dos homens são diferentes. Eles se apegam a questões profissionais e judiciais. A mulher está mais ligada aos problemas com relacionamentos, auto-estima e corpo. A inserção no mercado de trabalho também preocupa. E, justamente, pelo tipo de preocupação que manifestam, elas desenvolvem ansiedade e depressão com muito mais facilidade.

O aumento da procura das mulheres por tratamento para dependência química e os resultados apresentados em centros que recuperavam ao mesmo tempo, homens e mulheres (tratamentos mistos), fizeram com que estudiosos e médicos experimentassem abordagens alternativas e tratamentos que se preocupassem com as particularidades da vida do gênero feminino. Um tratamento direcionado para mulher, por exemplo, deveria levar em consideração que a paciente pode não ter com quem deixar os filhos, deve ter medo de perder a guarda legal de suas crianças, pode ser vítima de violência, sofrer com problemas de auto-estima e outras necessidades.

As reabilitações específicas apresentam melhor resultado porque, de acordo com a literatura, as mulheres respondem melhor a programas específicos. Isto se verifica tanto na evolução quanto na permanência no tratamento. As mulheres evoluem melhor em recuperações que atendam especificamente suas necessidades. Elas recebem melhor o tratamento, ficam abstinentes por mais tempo e melhoram em outras áreas da vida. Programas exclusivos para mulheres devem preocupar-se muito mais com o fato de tratarem mulheres do que tratarem mulheres dependentes químicas.

No Brasil, existem vários centro de tratamentos específicos, que objetivam a recuperação total da paciente. A psiquiatra Drª. Patrícia Hochgraf, Coordenadora do primeiro serviço voltado exclusivamente para o gênero, o Programa de Atenção à Mulher Dependente Química – Promud, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, acredita que “quando a mulher percebe que será bem atendida e não será constrangida, fica estimulada a buscar tratamento”. No Promud, por exemplo, faz parte do tratamento o apoio legal, presença de creche, assistência social, psicológica, terapia ocupacional, tratamento para a família etc. 

"A Construção do Centro de Recuperação Especializado para Mulheres Dependentes Químicas, se justifica pela complexidade e as peculiaridades com que devem ser tratadas as mulheres usuárias de drogas em nossa cidade, visando curá-las e colocá-las de volta ao convívio em sociedade aumentando sua auto-estima e a valorizando como importante e valoroso ser humano que é, genitora, trabalhadora e, em muitos casos, mantenedora da sua prória família". Concluiu Eliane Sinhasique.

Assessoria